25 October 2025 to 5 April 2026 10:00 - 18:30 at Piso -1
Opening: 24 October, 21h00 Free Entry
‘Two Man Hug’, 2011 is part of a series of 7 short films under the title project ‘An Impossible Wardrobe for the Invisible’ done in collaboration with Pedro Fortes with performance by Miguel Bonneville & Diogo Bento
Avenida 211 Um espaço de artistas em Lisboa
Entre 2006 e 2014, o edifício n.º 211 da Avenida da Liberdade foi um espaço fervilhante de atividade artística no coração de Lisboa. Mais de quatro dezenas de artistas e músicos de diferentes gerações estabeleceram espaços de trabalho neste local, que também gerou e dinamizou vários projetos curatoriais. Este contexto foi fundamental para a vitalidade da cena artística lisboeta, num período que acompanhou tanto a crise financeira global (2008–2009) como a crise da dívida de Portugal e a intervenção da troika (2010–2014) — ambas pontos de viragem de uma acentuada «financeirização da cidade», como tem vindo a ser descrita por vários cientistas sociais. No imaginário coletivo, no entanto, a Avenida ocupa também um lugar afetivo, especialmente relacionado com as manifestações públicas e festivas que aí continuam a ter lugar.
Durante o período mencionado, a gestão do edifício estava a cargo de António Bolota, engenheiro, artista e dinamizador cultural que, para lá da Avenida 211, fundou e ajudou a concretizar vários outros espaços expositivos independentes em Lisboa. Os quatro andares do edifício, abertos à participação de artistas, músicos e projetos curatoriais, foram ocupados durante quase uma década de forma gratuita, oferecendo uma flexibilidade e autonomia que ultrapassavam os modelos institucionais e comerciais. Por outro lado, também nele se ensaiaram colaborações entre disciplinas artísticas, especialmente entre as artes visuais e a música, que fundaram um público ávido de diversidade, experimentação e circuitos independentes.
Através de um «arquivo vivo» que combina propostas artísticas, ativações e documentação, a exposição Avenida 211 propõe revisitar a vivência do espaço, dos modelos de trabalho artístico aí desenvolvidos — colaborativos, autorais ou intergeracionais — e das expectativas sobre o que pode ser experimentar e fazer arte. Num momento em que as instituições culturais procuram repensar o seu papel, esta exposição propõe refletir sobre a vibração essencial da arte e os seus modos de produção e difusão de significado.
A investigação foi desenvolvida por Giorgia Casara e Sara de Chiara, e a curadoria foi realizada por Nuria Enguita e Marta Mestre. André Maranha assinou a arquitetura, e Sofia Gonçalves o design.